sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

JACKSON DO PANDEIRO, O REI DO RITIMO


Esquerda, boquete

Era diminutivo até no pseudônimo. Por ser militante metafórico do pau dos outros, se achava um revolucionário em defesa do benefício de quem lhe dava ordens - por isso, "chupar", além do prazer, era encarado como uma missão em nome das causas. Não entendia nada, mas o que interessava era o movimento contra o que lhe diziam ser a ordem estabelecida - errada, porque não a dos próprios. Abriram espaço e ele resolveu escrever nas redes sociais, apesar de o vocabulário ser reduzido à meia dúzia de livros que lhe obrigaram a ler - e que seriam a base de uma ideologia voltada para o puxasaquismo de quem entende mais (os que estimulavam a leitura também boiavam, pois contaminados pelo vírus da ideologia burra; mas tinham a arte de manipular os mongos - e até arrancar grana dos incautos). Se achava um contestador - sim, um contestador da ideia de que era mesmo uma anta que ria sabido quando lhe abriam a braguilha para que ele praticasse os ensinamentos do tal boquete em cheios de veias com tendências esquerdistas. Escrevia logo cedinho, enquanto esperava a mãe que trabalhava durante a noite e madrugada numa boate de beira de estrada para sustentá-lo. Vagabundo, achava que o fato de ela prestar serviços a caminhoneiros em tal estabelecimento era uma espécie de contestação ao sistema capitalista. Dava a maior força, mesmo porque ela não sabia que o que ele fazia era a marca registrada de todo revolucionário cuja maior façanha era erguer o braço com o punho cerrado - mas nunca para cheirar o budum do sovaco.