terça-feira, 27 de setembro de 2016
sábado, 24 de setembro de 2016
segunda-feira, 19 de setembro de 2016
sexta-feira, 16 de setembro de 2016
quinta-feira, 15 de setembro de 2016
terça-feira, 13 de setembro de 2016
O beijo
Sempre, no início da noite, eu vou até a janela do quarto para fechá-la e baixar a cortina. Do lado de fora há um corredor estreito, com móveis velhos encostados, um pé de café gigante, uma horta anêmica, trepadeiras, etc. Quando chove, o cheiro daquela nesga de espaço, que tem uma boa quantidade de terra entre a parede da casa e o paredão do vizinho, faz lembrar um espaço tão grande que seria possível ver a Serra do Mar a quilômetros de distância. De dia, o lugar era bonito, mas estranho. À noite, quando ia puxar as duas lâminas da veneziana, o horror se instalava. Havia uma grade protetora entre o vidro e folhas de madeira. Era preciso enfiar o braço, esticá-lo e, sem ver, só no tato, libertá-las das garras dos homenzinhos de ferro que usam chapéu. Nessa hora, invariavelmente, imaginava algum bicho atacando mão, braço, tudo que podia. Que bichos? Os piores. Talvez algum outro monstro sem identificação. Não importa, era sempre assim. Como não acontecia nada, era um alívio terminar a operação . Mas outro dia aconteceu. Pegaram meu braço, puxaram, e minha mão foi envolvida por algo estranho. Não havia garras, dentes ou qualquer outra coisa dilacerando pele, carne, ossos. Quis gritar, mas não deu. Estava paralisado. Foi aí que senti os lábios beijando minha mão. Olhei e não vi nada, mas sentia tudo. Então, apareceu. Era apenas uma boca flutuando no espaço- e eu a conhecia. Scarlett Johansson então disse bye e nunca mais surgiu no tempo enorme que, depois disso, passei a deixar meu braço esticado dentro do escuro daquele corredor.
um bom poema
De Paulo Leminski
um bom poema
leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto
um bom poema
leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto
segunda-feira, 5 de setembro de 2016
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