quinta-feira, 9 de abril de 2015
A carta
O envelope estava no fundo da casinha de metal. Bordas com as cores da bandeira, como nos velhos tempos. Ele o tirou de lá porque há muito tempo que não recebia correspondência alguma, afinal, era uma espécie de fugitivo de familiares e amigos. Resolveu se isolar - e pronto. Seu nome estava lá, escrito com esferográfica azul. Do outro lado, nada - apenas aquele retângulo em branco. Ele carregou a carta com a mão direita e sentiu que dentro havia apenas uma folha de papel. Colocou a correspondência em cima da mesa e ficou olhando-a por um tempo. Deixou-a ali, na mesa rústica de madeira, e sempre que passava perto, olhava. Só isso, mais nada. Quando fazia as refeições, também, mas, por algum motivo, nunca a tocava. Foi assim durante uns dez anos. O papel amareleceu e o envelope nunca saiu do lugar. Até o dia em que ele se sentiu mal, com falta de ar e muita tontura. Ao se recuperar, foi lá e abriu a carta. No papel apenas uma palavra estava escrita: parabéns.
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