quarta-feira, 6 de abril de 2016
Rabo de palha
Fez tuiiiiiimmmmmmmm. Eu tinha visto a foto do Coice de Mula, mas isso é sopa no mel. Ficar olhando uma imagem e comentando com amigos. Agora, não, o que acabei de levar foi um tapa de mão aberta no ouvido esquerdo e, além do zumbido, a dor lancinante porque meu aparelho de surdez deve ter entrado até o cérebro. Senti o líquido escorrendo por um dos sete buracos da minha cabeça - e não podia fazer nada. Estava algemado, sentado numa cadeira e num lugar que parecia uma oficina abandonada da periferia. Quem me bateu parecia não ter alma, só ossos, músculos, olhos frios. Eu não sabia porque estava ali. Nem ele. Mostrou um papel dizendo que queria a verdade. Sobre o que? Não dizia. Aí aconteceu. Ele foi até um carro, abriu o porta-malas e trouxe um feixe de palha. Amarrou na minha cintura, por cima da bunda, como se fosse um rabo. Depois voltou ao veículo, retornou com lenha, montou uma fogueira, jogou álcool, ateou fogo, esperou um pouco e deu a ordem: "Pule!". Olhei incrédulo. Tuimmmmmmmmmmmmm. A pancada agora foi do outro lado. Levantei, tomei uma distância e, mesmo com os braços presos, pulei. Ele então veio, deu uma olhada geral, me virou, tirou as algemas e mandou eu ir embora. Fui, mas com com medo de levar um tiro pelas costas. Ele então mandou que eu parasse e disse que aquela era a fogueira da verdade - e que eu fiquei livre porque meu rabo de palha não pegou fogo.
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