quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Dei de cara com a jia

O sapo canta na lagoa, Tião, mas eu gosto da jia. Mais sonora a palavra, mais esguia - e rima. Com sua licença, Jackson, mas a música aqui é outra. Nem letra tem, mas tem a cena real de o tiroteio ter começado no salão e eu saí rastejando pela escuridão. Só ouvia o zunir das balas. O que é que eu fui fazer naquele forró nas quebradas? Queria ouvir os reis do baião e do ritmo, arrastar o pé, ver a poeira levantar e o bicho também porque as meninas todas são fogosas e gostam de se atracar para relar o imbigo. Então fui assim, colado no chão, chegar perto do açude. Foi aí que dei de cara com a jia. Estava a um palmo do meu nariz e nem se mexeu. Achei que era cegueta. Mas ela estava imóvel como estátua e pude ver como são belas as coxas que muitas vezes comi sem pensar no bicho dono delas. Ela então coaxou. Ouvi uma voz ordenando para eu entrar na água e ficar quieto. Foi o que fiz. A jia fiou ali, como sentinela. Eu com água até a boca. Ficamos nos olhando por toda a noite. Quando clareou, saí e fui caminhando para casa. A jia veio atrás. Coloquei ela dentro de uma panela com água fria. Ela ficou quieta. Acendi o fogo. Ela não saiu de lá.

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