segunda-feira, 9 de dezembro de 2013
O outro lado
Caiu a noite feito a noite de todos os temores. Havia lâminas afiadas a nos fazer lembrar que ainda estávamos vivos. Até quando? Não era para ser perguntado. Não se podia olhar para trás porque o passado condenava. Para frente eram trevas. O agora eram cortes profundos a cada respiração e as dores eram muito mais lancinantes do que se imaginava. Não havia sangue. O que existia era uma vida sem sentido desde antes do nascer. O que havia era a incapacidade de compreender. O que havia era o açoite dos pensamentos. Eram os gritos da tortura. Eram as entranhas sendo corroídas. Era o cérebro tocando a mesma música. Era o pavor, o terror. Ninguém reclamava. E o silêncio fazia aumentar a dor de cada um naquele nada. Também se rezava. Para o deus imaginado. As orações eram para que a morte chegasse. E ela não chegava, porque tudo aquilo era ela. O outro lado. O desconhecido. O pra sempre.
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