segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Filtro

Filtro de barro. Ela queria um. Leu não lembra onde que a água que sai da torneirinha é a mais pura possível. Acordou o marido no meio da madrugada. Quero um! Ele achou que era um sonho. No dia seguinte, no café da manhã, quero um! Ele foi trabalhar com o filtro na cabeça. Melhor comprar logo essa bagaça, pensou, porque sabia que a amada não ia sossegar enquanto não tivesse o tal na cozinha. Comprou. Nem fez muita pesquisa. Inauguraram com festa regada a água. Depois ela pediu uma caneca de alumínio, daquelas grandes, porque a água ficaria ainda mais fresquinha. Ele comprou duas. Passou um tempo até que ele teve uma ideia que também veio no meio da noite. Bolou um esquema e foi buscar o líquido para colocar nele, o filtro de barro. Ela nunca soube, mas achou uma diferença no gosto da água assim que experimentou o primeiro gole da nova fonte. Gostou. Se sentiu melhor, mais disposta, passou a olhar tudo com mais paciência, etc. Deixou até de ser insistente nos pedidos. Era o que ele queria. Por isso, nunca mais deixou de ir à igreja. Para pegar água benta de todos os recipientes que podia. Amém.

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