terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Palmito e queijo a quente

Ele gostava de pastel de palmito e pastel de queijo. Gostava também do molhinho que colocava ali dentro. Mas o que mais intrigava o pasteleiro da feira de sábado era a mania um tanto quanto masoquista daquele cliente. É que ele só comia logo depois de os pasteis terem sidos tirados do tacho com óleo fervente. E também fazia isso ali ao lado, praticamente com a cara no bafo fervente que subia. No começo o comerciante não entendeu, mas como o rapaz tinha boa aparência, usava roupas decentes, etc, permitiu. Há anos o ritual se repetia - e sempre na mesma hora. Ele não bebia nada e engolia os dois pasteis muito rapidamente. Quase não conversava, pagava e dava sempre uma gorjeta maior que o valor da conta. Ninguém ousava perguntar o por que daquilo. Até que um funcionário novo quis matar a curiosidade. Ele respondeu sem pensar muito: "Como o pastel fervendo porque quero ter a goela ladrilhada como minha mãe. Fico com a cara no vapor porque pretendo ter a pele enrugada como a textura dele". Todo mundo fez que entendeu - e a feira continuou.

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