quinta-feira, 26 de março de 2015

Em busca do tempo

Leu num livro a história de uma cidade de Minas Gerais que perdeu o tempo. Queria ir para lá de qualquer jeito. Teve de esperar. Ele sonhava acordado com a chegada naquele vilarejo escondido entre montanhas e onde o povo falava daquele jeito, uai. Estava escrito que, sem luz, água encanada, nem radinho de pilha, porque ali as ondas não chegavam, alguém um dia se deu conta que a única folhinha do calendário que existia estava defasada. Aí um começou a perguntar para outro se lembrava em que dia estavam. A cidade inteira não sabia. Foi então que encontraram a solução: mandaram um emissário a cavalo resgatar o dia, o mês, o ano, enfim, o tempo, em outra cidade. O que se encantou com a história finalmente foi para lá, mas isso depois de anos. Encontrou o lugarejo, que era mais ou menos tudo o que imaginava: uma rua com algumas casas, um bar, uma pequena farmácia, um armazém, gente conversando na soleira da porta... O coração disparou de felicidade. Mas logo veio a decepção quando um matuto ouviu o sinal e tirou o aparelho celular do bolso da camisa - para falar com um compadre.

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