quinta-feira, 13 de agosto de 2015
Dois em um
Antonio das Mortes e Corisco se fundiram na lente de Glauber Rocha. Abençoados foram por Antonio Conselheiro em delírio - pouco antes da hora da morte. Eu vi na madrugada de lua cheia. Eles vieram guiados pela mente de Stephen King e entraram no meu corpo como anjos e demônios prontos para a catequese. Havia uma Papo Amarelo e um punhal de prata enorme. Era o sinal para o juízo final dos que não têm juízo e, como senhores absolutos do poder, fazem dos desvalidos os merdunchos que João Antonio batizou. Para cada um deles uma bala .44 com uma cruz na ponta e a lâmina pronta para entrar bem abaixo do umbigo e varar tudo até sair no topo da cabeça. Assim foi feito. Bastava olhar, mesmo na tv, e ordenar os justiceiros. Bala e punhal entravam ao mesmo tempo, invisíveis aos olhos da multidão. Cães sarnentos apareciam do nada para urinar nos cadáveres. Os miseráveis não choravam. Faziam festa. Quem se apavorava eram os outros escrotos. Sem ninguém pedir, juravam arrependimento. Para estes o punhal era mais cruel: percorria do ânus à boca em câmera lenta. Mas eram tantos os crápulas, assassinos dos anônimos que os sustentavam, que Antonio das Mortes e Corisco um dia se cansaram. Retornaram ao filme. As ervas daninhas não tardaram a tomar conta de tudo novamente.
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