terça-feira, 18 de agosto de 2015
Era um garoto que...
Era um garoto que amava... só os Rolling Stones. Ele não sabe bem o porquê, afinal, não entendia patavinas de inglês, mas foi melhor assim, afinal, as letras são enfeites de quinta categoria para os raios disparados pela maior banda de rock de todos os tempos. Canonizou Keith Richards, não Mick Jagger. Acha que o sobrevivente é a alma que carrega tudo. Lá na vila jurou que, se um dia o grupo viesse ao Brasil, estaria lá, no gargarejo, mesmo se o show fosse numa clareira no meio da selva amazônica. Nas três vezes que tocaram e cantaram (I Can't Get No) Satisfaction ao vivo, nestas terras, estava lá - e ainda ganhou de brinde um Bob Dylan na segunda vez que os velhinhos pisaram a terra brasilis. Foi com os filhos. Gostaria de apresentá-los aos netos. Agora se prepara para mais uma experiência inexplicável: a de saracotear sem parar durante as duas horas de inundação sonora, mesmo que esteja a dois quilômetros de distância do palco, como aconteceu em Copacabana - performance cujo encerramento foi um banho de mar no meio de uma noite inesquecível. Idoso com um pouco menos de estrada que os súditos da rainha, sai da passividade para o esbanjamento de energia tanto quanto o cantor bocudo. Está pronto para o ano que vem, pois desconfia que será a celebração derradeira de um amor que pulsa.
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