terça-feira, 4 de agosto de 2015

Passos no mundo

Toda vez que eu dou um passo o mundo sai do lugar. Nome de música, nome de disco. Pouca gente conhece. Nem te ligo. Ela me ligou. Eu dava mais que um passo. Pegava o Dinossauro da Viação Cometa e ia passar férias no Rio de Janeiro que era Guanabara. O quepe do motorista e a alavanca para fechar a porta eram o máximo. Lá, sempre o mundo saía do lugar. Porque o meu era da vila pobre e no fim da estrada tinha um Cristo querendo me abraçar. Um dia, no bairro onde nasceu um gênio, o Méier de Millôr, fui soltar pipa no terreno vizinho do casarão onde ficava com a tia querida. O muro caído, alguns passos, o brinquedo subindo no ar e um grito vindo não sei de onde. "Se não sair daí eu te queimo de bala". Era um general sem pijama, soube depois. Dei mais um passo para tomar Grapette na areia da praia que hoje é de merda. E muitos passos para comprar bisnagas nas padarias de vascaínos. Um dia vi General Severiano, mas só muito tempo depois soube que as pernas tortas estavam lá. Botafogo. Agora, depois na longa caminhada, vi o grande mural do restaurante Fiorentina, no Leme - e todos os campeões estão lá, os de 58 e 62, sempre nos esperando. O mar é o mesmo. O mundo saiu do lugar sem eu dar um passo.

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