quinta-feira, 3 de setembro de 2015
No canavial
Coloquei o menino no meio do canavial e fiz a foto. Ela está comigo guardada como um segredo que só tem revelações para mim. Nunca mais a olhei, mas sempre a vejo. Os braços dele estão caídos ao lado do corpo. O olhar parece perdido e não há nenhum tipo de energia captada pela lente. Ele não ri, não chora, apenas está ali, no meio do canavial cujas plantas são bem maiores que ele. Tudo é verde, assim como a cor do mar a poucos quilômetros. A imagem é um marco do limite entre um voo sem rumo e o retorno à realidade muito mais fantástica. Dali em diante ele retomou o brilho da vida e sua mente ordenou-se num caminho seguro, mas imensamente criativo. Antes, o delírio. Depois, a reinvenção diária em forma de humor, textos, desenhos, alma a captar tudo. Renasceu porque, quando nasceu de fato, quem estava longe era quem fez a foto. Assim foi. Assim é. Por isso, belo.
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