segunda-feira, 21 de dezembro de 2015
Mensagem da brisa
A tristeza veio com o cansaço e uma brisa no início da noite. Ele estacionou o carro, saiu, apertou o controle, ouviu o barulho dos vidros fechando automaticamente, subiu a rampa que o levou ao supermercado e, ao olhar aquele mundo de produtos, estancou. O que fazia ali, se não tinha nada para comprar? Começou a andar pelos corredores, olhando produtos e pessoas, pessoas e produtos. Qual o sentido de um carrinho abarrotado de garrafas de vinagre e um senhor de rosto acabado pelo tempo empurrando-o? Passou pelo longo corredor das bebidas e lembrou de pessoas que morreram por ter a doença e não conseguir controlá-la. Droga lícita é uma rótulo. Droga ilícita outro. As duas matam quem entra no universo paralelo. Foi ao caixa. Uma senhora discute sobre centavos. A menina que a atende pacientemente é jovem, negra, cabelos esticados e batom vermelho nos lábios. Os olhos são grandes. Ele não tem nada nas mãos. Para diante do caixa, tira do bolso do casaco um maço de notas de cem enroladas e presas por um elástico - e entrega para ela. Presente de Natal, diz. Não espera resposta. Sai, entra no carro, liga o rádio, e enquanto ouve uma música qualquer, começa a chorar.
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