quarta-feira, 4 de junho de 2014

Na represa

No tempo do Onça havia mato. E a represa que agora está seca era como um oceano a espera dos pescadores. No bairro suburbano o táxi era tão grande quanto um transatlântico. E lá foram o motorista, seu amigo e filhos e sobrinhos para dar banho nas minhocas retiradas do chão na aventura da véspera. Na escuridão da manhã, neblina e luz dos faróis desbravando o desconhecido. O cheiro dos sanduíches de mortadela tomavam conta do cenário. Olha o sol furando as copas das árvores! Um ao lado do outro, caniços a lançar linhas e iscas. O silêncio tinha peso. De repente, uma linha presa nas profundezas da água e o menino gordinho entrando ali sem nunca nem ter tomado banho de bacia. Os gritos de desespero a desmanchar tudo. O pai como salva-vidas para alívio geral. Tudo certo? Não. A volta antecipada. Dentro do carrão importado, o silêncio era mais ensurdecedor do que na espera do peixe a ser fisgado.

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