terça-feira, 7 de outubro de 2014

O poço

O poço atraía. Porque toda a família recomendava às crianças daquelas casas amontoadas num mesmo terreno que ali era perigoso. Havia uma estrutura, uma corda enrolada num carretel de ferro já meio enferrujado - e a manivela que fazia o balde descer e subir. Para descer soltava-se tudo. Lá de baixo vinha o barulho do encontro com a água. Tchibum! Depois alguém arfando e puxando a água. Aí tudo era fechado e o poço ficava lá, atraindo. Um dia deixaram a sua boca aberta. O menino foi lá olhar para as profundezas da escuridão. Viu seu reflexo. Achou que era outra pessoa. Aquilo era mágico. Ele, então, voou. Para baixo. Para cima. Para onde?

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