quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Com Bogart e Bacall

Estava em Assunção, mas imaginava Havana do tempo de Fulgêncio, com cassinos e infestada de americanos e mafiosos. Isso porque ao ver o hotel antigo, estilo casarão, se encantou, entrou com o carro e se hospedou. Na bagagem levava o uísque do Collor, Logan, a garrafa pela metade, tomada no bico, calor abafado de 35 graus. Um banho gelado e foi ao restaurante comer algo para tentar rebater o porre. O teto era um afresco só. Pensou em Michelangelo na Capela Sistina, mas isso depois de entornar a primeira garrafa de vinho. Depois, quem segurava o bicho? Foi incomodar uma mesa de gringos sem falar uma palavra em inglês. Voltou para o quarto e o telefone era do tempo do onça. Pediu ligação para o Brasil e o número que passou era da antiga casa. Chorou ao falar com um dos filhos. Desmaiou sentado numa cadeira antiga. Acordou com o sol iluminando o rosto. Olhou em volta e decidiu trocar de hotel. Foi para um moderno. Aquele outro era como um filme visto anos antes, com Bogart e Bacall. Agora ele era ninguém - e precisava trabalhar para justificar a viagem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário