quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Na ponte

Saí no "Nóis Sofre Mas Nóis Goza" logo no primeiro dia. O sol era de derreter os miolos. A largada foi dada na frente de um boteco onde todo mundo esquentou as turbinas. Meio-dia. A banda, onde os metais se destacavam, atacou de frevo e fui atacado por alguma coisa inexplicável que me fez começar a pular - e só parar quatro dias depois. Incorporei Ariano Suassuna, Siba e, principalmente, Chico Science com toda a Nação Zumbi e a força do mangue. Ao passar na ponte entre Recife e Olinda, vi um Galaxie sem portas, sem teto, lotado de gente como uma carruagem do Apocalipse. Pensei que estavam indo, como eu, para o inferno. Errei. Era o céu daquele carnaval onde o povo apenas se diverte e coloca todos os bichos para fora e para longe - em nome da alegria pura e simples. Faz tempo. Quase quatro décadas. A idade de uma das filhas, gerada lá - por isso poeta e princesa da cor negra.

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