segunda-feira, 7 de março de 2016

No circo

No circo mambembe das minhas lembranças eu não vi o Globo da Morte, mas Tonico e Tinoco cantaram sob um lona toda remendada. Estava montado num terreno baldio, chão de terra batida, arquibancada de madeira velha, cadeiras rangendo na frente do picadeiro. Não havia bichos, talvez um domador de pulgas, um mágico furreca e uma trapezista com belas ancas, uma boca muito vermelha, além do maiô branco com miçangas brilhantes. O circo ficou pendurado na minha mente e quanto mais o tempo passa ele vai modificando as formas e atrações, apesar de continuar pobre e Tonico e Tinoco nunca saírem de lá. Será que foram mesmo? Muitos anos depois encontrei um deles depois de um show e, claro, perguntei se tinha cantado naquela vila. Ele disse que sim - e eu acreditei mesmo, porque, tenho certeza, depois disso o cantor passou a pensar no local e me viu lá, perto da lona, com os olhos vidrados e o coração amolecido ao ouvir Tristeza do Jeca.

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