segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
Opala na cara
Ficou bem humorado só depois de muita estrada da vida. Por isso gostava de contar a história de que tinha aparado um Opalão com a cara e a coragem. Bem, coragem regada a muita caipirinha e cerveja. Sua especialidade era lavar o carro todo sábado. Amava aquilo. Ou amava a trabalheira junto com a manguaçada. Enfim, a caranga ficava um brinco para a semana, porque até as rodas ele tirava para dar um trato ali por dentro. Foi numa dessa que aconteceu. Ergueu o baita com o macaco, tirou uma das rodas e, aí, depois de mais um gole, lembrou que durante a semana tinha ouvido um barulhinho estranho na máquina. Entrou embaixo para verificar. Achou a coisa. Pegou uma ferramenta e foi apertar. O macaco adernou, o carro caiu, quebrou-lhe o nariz e os dentes. Só não morreu afogado no próprio sangue porque alguém da família viu, pediu ajuda e o tiraram dali. A marca no nariz está lá. Alguns dos dentes ainda dão problema. Mas ele há muito tempo está bem porque só toma gasosa de framboesa. Talvez por isso todos que ouvem o episódio acreditam mesmo que ele aparou o Opalão com a cara - e que a coragem vinha da cachaça.
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