segunda-feira, 20 de julho de 2015

De fianco

Abraçou assim, de ‘fianco’ – e era para ser assim mesmo no primeiro encontro depois de anos conversando através das estrelas. Para entrar na alma – como se isso precisasse. Apareceu lá no portão sem aviso, porque assim é que chegam as cartas importantes, escritas a mão, Parker 51, tinta azul lavável. Explicou que o escrever para quem escreve mesmo é uma herança de milhões de anos, muito antes de Homero soltar Ulisses no ar. Televisão e rádio e um locutor, que é poeta, poderia ser Super Big Boy com cultura. Dínamo a rodar e fazer a cadeira girar e o tapete persa a enrolar a seus pés. Uma imagem que remeteu a outra, outra pessoa, mas igual, explosão criativa, ansioso para fazer jorrar o que lhe alimenta, como se não pudesse perder tempo porque a gente não sabe o que pode acontecer agora. Um encontro entre os dois será o Big Bang. Depois, na saída, outro abraço de fianco – revelação em cima da revelação, porque já se sabia pelos sinais que furaram a cidade.

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