segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

De Deus

O Dedo de Deus sumiu. Juro que procurei. Aquele mesmo da Capela Sistina, ou o imaginário que nos aponta o caminho, mesmo sendo o do precipício dos infernos. Perguntei para o jornaleiro, um engraxate, o policial, a empregada, a madame, a dona de casa... Todos apontavam o mesmo dedo, indicador, dizendo é ali, caminhe mais um pouquinho que vai ver. Eu caminhava, corria, me esfalfava e... nada do Dedo. Será que ele não aparece para quem quer vê-lo de qualquer forma? Será que colocaram uma luva na mão inteira, um dedal de prata. E se o Dedo caiu? E se pegou uma doença ou então desapareceu no oceano lá embaixo ao indicar para uma caravana de deuses onde fica o Cristo Redentor? Subi mil metros de uma serra carregando uma mochila para me encontrar com um Dedo que não quis aparecer. Vi em algumas fotos mais tarde - mas assim não vale. Dedo é dedo e a falta de dedo serve até para propaganda de um ex-presidente que ilude a todos como se fosse trabalhador. Resolvi sair dali num amanhecer radiante. Na estrada olhava só para o asfalto. Então vi a sombra. Do dedo. Parei e olhei. Exuberante, majestoso, espetacular. Aí, aconteceu. O dedo balançou. Para esquerda e para direita, repetidamente. Depois, parou, e uma nuvem em forma de boca ficou atrás dele.O sinal de segredo foi feito. Não obedeci.

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