terça-feira, 26 de janeiro de 2016
Pizza bomba
Será que as pessoas estão mais loucas do que eu? Ou fiquei velho e decrépito antes de completar 70 e estou vendo chifre em cabeça de coelhinho da Páscoa? Um dia eu saí pela noite dirigindo o Bala com a certeza de que iria achar o apartamento de um casal amigo que não tinha me dado o endereço. Acabei parando e entrando num prédio em construção. Subi escadas, entrei em cômodos vazios e o máximo de coisa identificável que vi foi um vaso sanitário encostado numa parede. Eu bebia e os loucos de hoje fazem coisas bem sóbrios. O vício de ficar consultando 24 horas por dia o aparelho celular. O que é isso? E tirar selfie de tudo para mostrar para o mundo os mesmos sorrisos forçados de sempre? Ou a mania de atravessar a rua sem olhar para os lados, porque está ouvindo música com fones atochados nos ouvidos? Os outros que esperem. Quase atropelei um jovem outro dia porque achei que, naquela rua de trânsito intenso, ele iria esperar o momento certo chegar à outra calçada. Nada disso. Freei e ele nem tchuns. Continuou ouvindo o breganejo com música de corno. Logo depois, um cachorro fez a mesma coisa. Mas estava sem fone de ouvido. A piada do pai da adolescente que olhou o quarto da filha e teve vontade de jogar uma moeda porque pensou que aquilo era um mocó de mendigo, explica muito do que está acontecendo hoje em dia e de noite. Ainda bem que, pelo menos, a medicina está avançada e vou viver até os 130 anos. Talvez nem velho fique, mas não imagino o que nos espera pela frente, do jeito que a velocidade tecnológica está acelerando a imbecilidade individual e coletiva. Melhor nem pensar. Bom mesmo será pedir a pizza que vem voando num drone. Mas tenho medo que um dia tudo saia errado e me entreguem uma bomba de nêutrons em vez de uma meia portuguesa e meia parmegiana.
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