quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Pipoca moderna

Atravessou a avenida sob o sol de 42 graus. Meio-dia. Estava descalço porque estava descalço. Correu. Pulou na areia. Mais quente. Correu. Foi para a sombra do guarda-sol colorido, mas com propaganda, que guardaram para ele. Sentou, tirou a camiseta e correu para esfriar tudo na água do mar. Ela estava verde. De poluição. Ele mergulhou assim mesmo. Aliviou. Voltou, sentou na cadeira espreguiçadeira e não sabe se dormiu. Um carrinho todo em aço inox e com rodas de bicicleta parou quase na dis frente. Vendia milho. Uma multidão foi chegando, escolhendo, comprando e comendo. O dono do negócio, de chapéu de palha, sorria. A maioria dos compradores era formada por crianças lindas. As espigas, amarelas, mordidas com cuidado. Tinha acabado de sair da água fervendo. Deitado, ele via os dentes delas. Uma menina negra, de tranças, parou ali perto. Fez pose de ginasta enquanto mastigava. Ele viu e então a coisa começou. No mar começaram a brotar pés de milho, que tomou conta de tudo e envolveu até as ilhas de pedra da linha do horizonte. Depois, as espigas apareceram inteiras, despidas da roupa verde. O sol esquentou mais. A pipocação foi imediata. O mar se transformou novamente, agora branco. Ele não tinha bebido nada, apenas o líquido de um coco. Mas este estava quente. Foi isso? Não sabe. A água salgada avançou sobre os pés dele. Ele levou um susto. Descobriu que não havia mais nada, apenas aquele mar do oceano e ele cercado por um de gente e barracas. Sorriu. Foi aí que sentiu um gosto na boca. Não sabia se era de milho ou pipoca - ou dos dois.

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