quarta-feira, 13 de julho de 2016

Confissão

Na calçada da avenida movimentada. Dia de semana. Trânsito intenso. Do outro lado, uma igreja antiga e um padre velhinho na porta. Deu o estalo. Há séculos sem uma confissão. Pecados? Quase todos. Esperei uma brecha, atravessei e fui falar com o sacerdote. Sim, ele poderia me confessar, mas perguntou antes meu estado civil. Nunca sei direito o que falar, mas oficialmente sou divorciado. O padre então disse que era impossível atender meu pedido, pois divorciados não podem confessar, pagar a penitência e comungar. Eu disse então que poderia ter mentido para ele, revelando que era solteiro ou viúvo e que, lá dentro, no confessionário, contaria mentira. Ele fez de conta que não ouviu e entrou pela porta enorme. Fiquei ali parado. Fiz o sinal da cruz e pensei tantas coisas que, só elas, me acarretariam uns dez terços para me livrar dos pecados. Amém.

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