segunda-feira, 25 de julho de 2016

No pântano

O pântano fétido. Nada perto. Atolado até a cintura ele tentava caminhar. Bichos comiam o que de pele estava exposto. O olhar duro mirava algo adiante – e ele seguia adiante, com uma determinação pouco comum para alguém mimado e criado em cidade grande. Lá estava ela, agora mais perto. Uma única flor branca naquele pedaço feio, fantasmagórico. Chegou lá depois de muitos e muitos dias. Nem lembrava mais porque entrou ali, sozinho. Lhe veio a expressão “sozinho e Deus”. Sentiu o perfume, inebriante. Foi tocar uma pétala – estancou. Embaixo havia uma caixa de madeira bem trabalhada. Pegou e abriu. Um pergaminho bem conservado lhe fez a revelação. Ele começou a chorar ao mesmo tempo que uma chuva forte começou a cair. Todo o esforço para aquilo? Como voltar para a cidade? Tentou rasgar o documento. Não conseguiu. Então, leu de novo: “O homem criou os deuses para ser filho deles e esconder a verdadeira imagem destrutiva e maligna”. Ficou por lá mesmo. Ninguém foi procurá-lo.

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