quinta-feira, 14 de julho de 2016
Jardim encantado
Eles me levaram porque estava falando com a parede - há um bom tempo. Começou porque ali havia um jardim muito florido e o natural encantamento de quem nasceu no mato. Quando viemos para a cidade, a sorte foi achar aquela casa bonita, ensolarada e com um quintal enorme, sem muros, que se estendia para os lados até perder de vista. As folhagens e as flores nasceram porque plantadas com amor. Muita gente pedia mudas - ninguém se atrevia a entrar e roubar. Ganhavam apenas aquelas que eu achava que mereciam. Foi então que veio o muro - erguido exatamente por alguém que tinha ganho as mais lindas flores. Não houve conversa. De um dia para o outro o paredão estava lá. O pior é que tudo do lado de cá começou a murchar, a morrer - e uma tristeza invadiu a casa e o coração de quem morava nela. Fui falar com o muro, tentando convencê-lo do quanto seria bom para todos se ele caísse, sumisse, para que tudo voltasse a ser como antes. Tentei em vão. Me levaram enrolado. Me deixaram dentro de uma sala com paredes acolchoadas. Não vou tentar me matar. Mesmo porque consigo ver e sentir aquele jardim encantado.
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