segunda-feira, 15 de agosto de 2016
Atrás da porta
Disfarcei bem porque sabia que em casa ninguém ia entender. Aproveitei um momento em que estava sozinho e levei o objeto para trás da porta do banheiro do escritório. Dificilmente entrariam ali. Fiquei sossegado. De vez em quando dava uma olhada, passava a mão na lâmina - mas também não entendia porque tinha comprado. Nada a ver com apoio a movimento ou reverência ao famoso símbolo vermelho. Sim, comprei uma foice, dessas que toda hora vemos nsa mãos de integrantes do MST em manifestações. Novinha, cabo de madeira comprido... uma arma e tanto. No dia em que descobriram, por acaso, a presença dela como parte integrante da coleção de armas brancas, comecei a pensar de fato no motivo de tal aquisição. Provavelmente um filme daqueles de fotografia deslumbrante, com o camponês usando a ferramenta para cortar algo cor de ouro, seguindo a sinfonia do vento. Pode ser. Pode não ser. Sei que ela está lá quietinha com sua lâmina curva, muita afiada, esperando algum movimento. Nisso eu não penso.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário