quinta-feira, 13 de março de 2014
Cobre
Cobre o cobre. Ele não entendeu. Cobre o cobre repetiu o sujeito que que tinha barriga grande e se abanava com um leque comprado no Paraguai. O calor no ambiente era infernal. Teto de zinco, baixo, pouca ventilação naquele mocó na favela horizontal. Jogaram uma Colt 45 na sua mão, ele sentiu pelo peso que estava carregada e, sem querer perguntar mais, pediu o endereço. Foi. Era uma casa com varanda, plantinhas, florzinhas, um cachorro amarrado num fio. Bateu palma. O senhor que saiu forçou a vista para enxergar a visita. Perguntou o que queria. Ele disse que veio cobrar o cobre. O velhinho só disse que tinha pouco, estava fraco para o roubo. Ao ver o outro levantar a camisa para mostrar o cabo da arma, disse que iria lá dentro e voltaria. Foi. Logo em seguida ouviu-se um tiro. Foi na cabeça. A visita entrou e viu o crânio estourado do velho vertendo um sangue escuro que formava uma poça no piso de cimento queimado. Ao lado, um rolo de fio grosso. O cobre. Ele pegou e foi embora antes de a polícia chegar. Entregou para o barrigudo e contou o que aconteceu. O chefe cuspiu de lado e disse que o cobrado não rendia mais como no passado - e que tinham economizado uma bala.
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