quinta-feira, 27 de março de 2014

Livre

Uma despedida sem palavras. Era o que queria. Mas, de repente, eles foram se juntando naquele pátio e ficaram em silêncio esperando as palavras. Porque durante todo o tempo em que ficou ali - e foram anos, conversou, acalmou, orientou, enfim, levou a palavra, sem ser pastor, padre ou monge. Quando entrou ali era um jovem que sabia ter perdido o futuro imediato. Iria pagar seu pecado por um bom tempo. Trancado, começou a pensar em si mesmo. Tirar todas os entulhos foi penoso. Até o dia em que se sentiu ele mesmo. Assim começou a falar com os outros. Não contava dias, horas, nada. Até quando lhe falaram que podia ir embora. Ele olhou-os nos olhos e começou a chorar. Não falou nada - e todos entenderam. Saiu da prisão com a certeza de que ali dentro finalmente tinha alcançado a liberdade.

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