terça-feira, 25 de março de 2014
No terceiro andar do outro lado do mundo
Do outro lado da linha, do outro lado do oceano, do outro lado do mundo, a menina dizia que a mãe estava brigando com ela. E estava mesmo! Ele ouvia a voz da mulher ao fundo - e o som que recebia era o de uma dupla em dissonância. As duas, pelo jeito, se amavam - e se odiavam muito em momentos como aquele. Quem estava ao telefone disse que a mãe tinha ameaçado se jogar pela janela. Ele perguntou em que andar estavam. Terceiro. Ele, tranquilo, bem humorado, contou que, se a que tentava despencar não morresse, ia dar um trabalho danado na sequência - porque iria se quebrar toda. "Você não conhece minha mãe?", disse a voz bonita e aparentando segurança, querendo insinuar que pai e mãe tinham ficado juntos o tempo suficiente para conhecerem os defeitos do outro.Ele então respondeu que não conhecia mesmo, até porque nunca tinha casado - e não tinha filhos. O telefone foi desligado abruptamente. Ele nunca soube nem o nome de quem estava falando lá do desconhecido.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário