terça-feira, 16 de setembro de 2014
Beco com saída
Era uma porta de metal, estreita, com alguma marcas de ferrugem. Ficava no muro alto do fundo do quintal da casa no bairro suburbano. Trancada. Ele descobriu onde escondiam a chave - e abriu. Dois metros à frente viu outra parede alta. À esquerda e à direita um imenso corredor. Um beco! À esquerda ele terminava num matagal. À direita, não sabia. Desceu dois degraus. Foi até o mato. Não dava para prosseguir. Voltou e caminhou vendo as portas dos fundos das outras casas. Aquilo era mágico para um menino de dez anos. Não conhecia nada parecido. Estava ali em férias. Na sua vila o encantamento eram os terrenos baldios e a própria rua, de terra. O corredor parecia não ter fim. Ouvia vários sons enquanto o percorria. Conversas, latidos de cachorros, silêncio. Andou muito até que o fim daquele caminho apareceu. Era uma rua de asfalto todo remendado. Ficou naquele porta olhando alguns carros e pessoas passarem. Não sabia se voltava pelo beco ou se descia para a rua para dar a volta e entrar pela frente da casa dos parentes. Sentou. Alguém perguntou se ele estava bem. Disse que sim. Muitos anos depois lembrou dessa aventura. Era a vida dele.
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