segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Escatológica

Escatologia era com ele mesmo. Gostava de ouvir piadas, histórias. Adorava falar os nomes. Até elevava o tom como se aquilo fosse mesmo para chocar ouvidos alheios. Vibrou quando um amigo lhe apontou uma mocinha linda, parecendo um bibelô, e disse que no banheiro ela ia para fazer quibinho, não mais que isso. Ou na cena do filme do Woody Allen, quando a irmã do personagem disse, depois de um encontro que não fazia há anos, que o sujeito a tinha amarrado nua e feito entre os seios dela. Mas um dia leu o conto do Rubem Fonseca em que o casal, que se amava desde os tempos de criança, estava em crise e a paixão só voltou depois que o homem, sem querer, viu o que a mulher tinha feito e esquecido de dar a descarga num banheiro químico durante uma excursão de ricos. Aí ele sentiu uma força tão grande que nunca mais quis saber de histórias a respeito - e evitava ao máximo ir ao banheiro. Tinha medo de se apaixonar por si mesmo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário