quarta-feira, 10 de setembro de 2014
Ser humano
Ele disse que só esperava uma coisa na vida: ser humano. Nem acabou de falar e o porrete lhe arrebentou todos os dentes da frente. Um deles entalou na garganta. Ele cuspiu os outros e engoliu junto com o sangue aquele um. Como iria explicar aos brutamontes que se revezavam na tortura o que sempre pensou? Bem que tentou, apesar de ser renegado pelo pai, pela mãe, pelas famílias desde que disse, aos 7 anos, que não acreditava no Deus deles, pois via muita miséria e falsidade no mundo. Foi para a rua e sofreu mais do que cão sarnento. Aguentou firme até o dia da primeira pedra fumada. Então veio o que estava represado. E ele matou exatamente aqueles que achava que eram felizes. Gostava de ver o sangue espirrando da carótida. Aprendeu vendo num filme de samurai. Foi preso depois de muitos assassinados. Confessou tudo antes de apanhar. Mas eles queriam bater para que contasse mais. Não tinha o que falar. Apenas que esperava ser humano. Não conseguiu.
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