segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Roleta russa

Fizeram todos os cálculos, transmitiram as informações e o canhão foi disparado. Horas depois, quando o exercício tinha terminado, os que atiraram foram ao local onde os projéteis caíram e explodiram. Ele então sentiu, ali, no campo de treinamento, o horror de todas as guerras ao ver os estilhaços que voaram em todas as direções. Um pequena agulha da bala vararia qualquer crânio. Placas como as que encontrou, então, arrancariam a cabeça inteira. Depois soube que cada tiro custara uma fortuna aos cofres públicos. Desde então, toda vez que vê cenas de guerra na televisão, seu estômago se convulsiona e ele vai vomitar e chorar ao mesmo tempo no banheiro. Os discursos justificando a barbárie potencializam tal reação. Numa  das mais recentes, começou a entender um pouco os motivos que faziam o escritor Graham Greene praticar a roleta russa durante boa parte da vida sem explicação aparente e o horror que pirou o coronel Kurtz em Apocalypse Now.

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