Ele cismou - e pronto! Resolveu ter vários nomes na cidade onde foi morar já na idade madura. O que facilitou a pluralidade era o fato de frequentar locais bem distintos e distantes um do outro. No trabalho era fulano. No clube que frequentava nos finais de semana, sicrano. Nas aventuras amorosas era beltrano. Em casa se identificava pelo nome que constava na certidão de nascimento, cuja cópia ele ganhou dos pais e mandou ampliar do tamanho de uma parede do sobrado onde morava sozinho. No começo da história inventada ficou meio atrapalhado. Tinha de ficar ligado para atender aos chamados. Depois se acostumou. Viveu assim muitos anos, período no qual só raras vezes esteve para ver sua maluquice desmoronar. Fulano, Beltrano, Sicrano e ele mesmo nunca se envolveram com crimes ou deram golpes na praça. Um dia se apaixonou perdidamente por uma zinha. Em menos de dois meses ela aceitou o convite para morar com ele. Ao entrar no novo lar viu o documento na parede e ficou quieta, apesar de tê-lo conhecido como Sicrano. Ela viveu em paz com todos eles. Zinha tinha várias personalidades.
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