terça-feira, 13 de outubro de 2015

O rei e eu

Ninguém me contou. Vi. Ouvi. Estava lá. Presencial, como nos leilões com cartas marcadas. Levei uma revista embaixo do braço. Dentro uma foto de mil novecentos e pedrinhas. Nela, ele estava ao lado do outro. O rei e o príncipe. Anos depois, agora, o soberano estava ali, na minha frente. Entrei de sola dizendo que o time dele, o considerado melhor de todos os tempos, não era. Eu disse que tinha outro, muito melhor. Ele perguntou qual, sabendo que vinha alguma coisa que o faria rir. Eu disse o nome do meu. Ele riu. Depois assinou aquela foto. Eu pedi dedicatória para o meu pai, que já estava no céu, ao lado do príncipe. Ele chamegou. Ao sair dali, cercado de seguranças, entrou numa van e, ao ver uma criança ao lado da mãe, segurada pela mão, ali perto, na calçada, chamou-a. Abraçou-a, fez um agrado, algumas perguntas não respondidas. A criança era tímida, não respondeu nada, sorriu e depois voltou para a proteção maternal. Eu saí e, por coincidência, ouvi a senhora dizer para outra, uma amiga, enquanto caminhava como se tivesse recebido uma benção divina, que ele tinha pego sua criança no colo - como é que podia aquilo? Então a outra respondeu que era por isso que ele era o rei. Pelé.

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