terça-feira, 4 de junho de 2013
O tapa que não levei
Existiu ou não aquele tapa no rosto? Não. Porque ele nunca me bateu, ele nunca gritou. Nem precisava. Os olhos eram mais que Clint Eastwood. Furavam como balas de prata e atingiam lá, naquele ponto onde se deflagra o medo do indizível, do que não se sabe, medo que é muito maior do que os monstros que vemos em Godzila ou na esquina de casa. Passaram-se anos e eu fiquei na dúvida, como tinha também aquela de não ser seu filho; nem dele nem dela, porque vi a foto do casamento e havia um gurizote lá. Alguém me disse que é difícil saber que feridas carregamos. Podem ser invenções de nós mesmos. Talvez a minha tenha se aberto naquele tapa que não levei.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário