terça-feira, 18 de junho de 2013
Sob o trator
O trator pilotado pelos filhos passou e abriu sulcos no terreno da alma. Sementes foram plantadas e eu não sei de que tipo. Há uma indiferença superficial. Ou não. As lâminas que machucam me levam ao passado. Eu era assim com os meus. Paga-se o preço. Espera-se a redenção. Sementes de ódio só sobrevivem ao lado de sementes de amor. Somos sempre como nossos pais, apesar de, durante um tempo, execrar aquilo e jurar por tudo quanto é sagrado que não seríamos assim com os nossos filhos. Somos. Por isso o sofrimento é maior - porque não há como mudar. Há como esperar que brote o afeto que não demos, mas que, sabemos, existem. Então nos tornamos filhos dos nossos filhos. E eles pais dos pais. Reza-se para que a foice não corte o roteiro. Por isso aguentamos o arado a nos dilacerar.
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