sábado, 29 de junho de 2013

Teorema

Fui atrás do Teorema e ele me arrancou do gueto da pobreza cultural de uma forma que nem Pasolini imaginou. Foi de tamanha violência a sequência daqueles fotogramas quanto, numa outra dimensão, a própria morte do diretor. Os sinais vitais do sexo apenas sentidos, mas contidos por tábuas de mandamentos, aulas de religião, hóstias, água benta, dízimos colocados na sacolinha de veludo encarnado. Fellini havia apresentado a vizinha de imensas carnes, tetas e bunda. Mas o italiano veio depois e  marcou mais pelo que até hoje ilumina a alma, Amarcord, passado editado e venerado na vida de qualquer um que tenha um coração. Terence Stamp passando na cara todos da família, a boca de Silvana Mangano inclusive. O cachorro se salvou porque que não existia, ou fugiu. Terence Stamp de todos os sexos, na beleza que continua marcante até hoje na velhice digna de um grande ser humano e ator. As luzes se acenderam e me iluminaram para a dúvida sobre tudo. É o que precisava. Para andar, voar, sair de onde estava, preso em mim mesmo - e no escuro.

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