quarta-feira, 21 de agosto de 2013
O carro
Tinha o carro há dez anos. Há dez anos não pagava IPVA, multas, etc. Nunca foi parado em blitz. O automóvel andava por obra de milagres diários. Um dos vidros voou numa curva. Ele colocou um plástico preto. Um dia a direção saiu do local e ficou em sua mão - com o carro andando. Uma das portas ficava fechada porque amarrada com arame. Isso foi até o dia em que comprou um novo. O velho era um caso de amor inexplicável. Ele foi dar uma volta para se despedir. Caiu numa megaoperação policial. Foi saindo do carro e dizendo que poderiam levar. O policial mandou ele ter paciência pois precisava anotar as multas de todos os itens fora da lei. Um mês depois foi buscar seu amor no pátio do Detran. Antes, pagou tudo de uma vez. O triplo do valor daquela lata com motor doente e pneus carecas. Para isso teve de vender o novo. Ficou mais um tempo com o velho. Depois o repassou a um pedreiro. Comprou uma bicicleta. Ela ficou parada no quintal. Serve como varal. Ele tem saudade daqueles tempos.
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