quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O encontro

Saiu com Philip Marolwe e Sam Spade para tomar umas e muitas outras na mesma mesa com Raymond Chandler e Dashiell Hammet. Tinha os cabelos longos, barba desgrenhada, usava bolsa colorida e acabara de entrar numa faculdade vagabunda apenas para dizer que seria o primeiro diplomado da família. Os quatro nem te ligo porque estavam acostumados com coisas muito mais delirantes e escabrosas. Havia nele um ar de admiração para os quatro que o olhavam, bebiam e fumavam. Mas não de babação, porque ele sabia que aqueles ídolos eram durões, como os olhares que faziam e descreviam. No quinto rabo-de-galo, entremeados com gim tônica e lavados com cerveja, muita cerveja, ele saiu sem se despedir. Olhou a rua. Era uma ladeira. Encostou na parede e desceu a pirambeira se encostando, adernado, para não cair. O ponto do ônibus era bem distante. Chegou lá. Estava sozinho no meio da noite. Sentou no meio-fio enquanto aguardava o transporte. Os quatro companheiros continuavam com ele. Solidários. Nas páginas dos dois livros agarrados junto ao corpo.

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