segunda-feira, 12 de agosto de 2013
Vida marvada
Não havia um morcego na porta principal. Havia um urubu. Morto. Mas ele dividia o dentro e o fora. O fora era o horror apocalíptico do Coppola. O dentro era como se fosse um bairro de classe média alta americana, com ruas largas, limpas, tudo arborizado, sem muros, jardins imaculados, casas muito boas, famílias perfeitas como os dentes. Eu estava embaixo do urubu. Um pé pra dentro, outro para fora. Descobri então que o urubu estava se fingindo de morto, feito o papagaio da piada que queria comê-lo. Ele bateu asas e voou. Então, tudo se misturou. O céu e o inferno dos filmes que eu via no pulgueiro. Era a vida. Marvada. Como na canção do Boldrin.
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