sexta-feira, 22 de novembro de 2013
Serpente de aço
Viu a lâmina na vitrine de um loja de aeroporto. Alemã. Tinha um desenho e o cabo era de madrepérola. Atração fatal. Comprou, despachou, pegou, guardou. Ficou muito tempo sem vê-la. Lembrou que, quando criança, se alguém escondesse algum objeto do resto da turma, perguntavam se estava chocando. Sim, este estava chocando a serpente. Ele apenas esperava o sinal. Qual? Não sabia. Sentia. Ele veio no dia em que viu uma propaganda partidária. Aquele rosto tomando conta da tela não era de um humano. Era a própria besta do apocalipse. As palavras que saíam daquela boca fediam. Ele sentiu isso sentado na poltrona da sala onde morava sozinho. Foi ao ninho e pegou a serpente. Era pequena ao ponto de desaparecer se ele fechasse a mão em torno dela. Estudou os hábitos da besta. Queria fazer a coisa de dia, diante de muita gente. O melhor lugar era um restaurante que o escroto frequentava com os puxa-sacos de sempre. Foi lá. Entrou. Chegou perto alvo. Chamou-o pelo nome. Recebeu de volta o sorriso fabricado do candidato. O golpe foi certeiro. Na carótida. O sangue espirrou como em filme de samurai. Ele saiu devagar do lugar. Ninguém o incomodou. A luz do sol o fez colocar o óculos escuro. Voltou a pé para casa. Cumprira a missão divina. Guardou a serpente manchada de sangue. Ficou esperando um novo sinal.
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