quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Sem pandeiro

Não sou poeta e não sei tocar um instrumento. Tentei haicai e caí em depressão. Fui de caixa de fósforos e quase incendiei o acervo de discos onde estava toda a obra de Ciro Monteiro. Conheci Leminski mas ele não me conheceu. Foi numa noite fria, tomamos conhaque e quem desmaiou foi a mulher de um amigo dele. Quase escrevi algo num guardanapo do restaurante, mas derrubei um copo e tudo ficou melado. No passado achava que ame-o ou deixe-o era poesia. Mas aí soube que os gorilas diziam isso para quem estava pendurado no pau-de-arara. Acho que traumatizei. Assim aconteceu com o pandeiro. Fui numa festa onde apareceu um regional para tocar chorinho. Não sei por que entrei numas de bater no couro que estava esticado em casa, bem longe dali. Mandaram buscar. Eu não toquei nada e quase fizeram da minha cara um instrumento de percussão. Agora, velho, continuo na mesma. Sem poética. Sem fazer um som. Minha voz é horrível para cantar. Desafino até para repetir um maluco que gravou algo falando em esperma entrando.

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