Eu bem que falei para ela esquecer aquilo. Não acreditou. Foi uma vez ao comício do maluco e se encantou como se ali estivesse a própria reincarnação do Jesus Cristinho. Filiou-se ao partido. Distribuía santinho em tempo de eleição. Uma vez ganhou o olhar do doido e quase teve um orgasmo. Chegou em casa contando para a mãe que ele tinha colocado os olhos em cima dela. Quando recebeu o convite para uma convenção da agremiação política dormiu com ele dentro da calcinha. Foi lá. Ouviu o discurso inflamado e as promessas de que tudo iria mudar quando ele, o destemperado, assumisse o governo e tomasse conta do Palácio. Ele ganhou. Ela precisou ser socorrida num posto de saúde depois que ouviu o resultado da apuração. Depois começou a prestar atenção nas atitudes do descerebrado. Ele empregou a família e até o cachorro de estimação ganhou uma sala na sede do governo. O sonho dela começava a desmoronar. Mas isso demorou todo o primeiro mandato e metade do segundo para ela perceber. Começou a sofrer. A dor era maior do que aquela quando o primo a enganara prometendo casamento. Além de tirar a virgindade dela, espalhou o feito para todo o bairro. Definhava a cada discurso. Espumava a cada notícia de roubo explícito. Um dia se jogou embaixo de um ônibus. Não morreu. Os socorristas estranharam que ela tinha uma foto do coisa dentro da calcinha. Mas na parte de trás e enterrada entre as nádegas.
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