quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

De ônibus

Quero de volta minha lotação colorida dos tempos do Rio capital federal! Lá vem uma que vai para o Méier. E eu nem sabia que era o país do Millôr. O quepe do motorista da Viação Cometa valia muito mais do que o do marechal. Porque o voo nesta cauda era mais que interplanetário. Mais do que a aventura de Flash Gordon no Planeta Mongo. E tinha-se o direito a uma parada para tomar Ovomaltine. Quero ônibus elétrico a deslizar e parar logo depois da curva. Olhar pelo vidro traseiro e ver o motorista colocar aquelas hastes no bicho que deslizava silencioso. Mas não quero sentar no último banco de um ônibus vazio num domingo quase anoitecendo e sentir, entre prédios, casas, luzes, o máximo da solidão que todo mundo tem guardada lá dentro do peito. Aquela que fazemos tudo para que fique lá, escondida. Porque só assim podemos prosseguir e se alegrar com as lembranças dos ônibus que nos embalaram em seus ventres.

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