segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
Dentro da cela, no meio da floresta
Os dois desceram do barco no vilarejo do Rio Madeira, em Rondônia. Na viagem iniciada em Porto Velho fizeram amizade com um sargento que também desceu ali. Era o delegado. Foram dormir na delegacia, que nunca tinha preso. Ela ficava ao lado de uma igreja, que não tinha padre e era trancada. A pele dos moradores era amarronzada - e os dentes tão brancos que o brilho feria os olhos. Os dois eram cabeludos e loiros feito exploradores nórdicos. Carregavam mochilas e fotografavam tudo, principalmente as crianças que tinham o sorriso mais sincero do planeta. Um dia resolveram tomar banho nas águas barrentas do rio. Um deles disse que foi uma experiência lúdica. O outro viu um barco ancorado e registrou uma imagem que carregou para sempre na alma como o resumo da simplicidade que sempre buscou - e nunca encontrou. Dois dias depois passou um novo barco e eles partiram cortando florestas, andando por ruas de várias cidades e percorrendo o rio gigante. Mas aquele pedacinho do Brasil ficou preso nas retinas da lembrança, como a porta aberta da cela onde dormiram.
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