Perguntou e ouviu: “Nem
longe, nem perto; aqui”. Ele estava no telefone de um orelhão que tinha sido
queimado por alguns noiados que acham que a fumaça dá barato. Mas o aparelho funcionava. Discou porque precisava falar com uma atendente do serviço
funerário. O motivo não importa. Do outro lado aconteceu uma voz tão doce que ele imaginou ter acessado uma linha do céu. Ficou encantado e engatou uma conversa. A moça era muito
educada e amável. Dosava a seriedade com bom humor - e ele, já maluco, pensava em sexo. Ele queria
saber o nome dela, onde trabalhava e o endereço. Ela só disse “nem longe, nem
perto; aqui”. Foi aí que desligou. Ele
ficou com a voz e a indicação na mente por vários dias. Até que assumiu que
também não estava nem longe, nem perto. E permaneceu na dele.
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