quinta-feira, 24 de julho de 2014

Aqui!

Perguntou e ouviu: “Nem longe, nem perto; aqui”. Ele estava no telefone de um orelhão que tinha sido queimado por alguns noiados que acham que a fumaça dá barato. Mas o aparelho funcionava. Discou porque precisava falar com uma atendente do serviço funerário. O motivo não importa. Do outro lado aconteceu uma voz tão doce que ele imaginou ter acessado uma linha do céu. Ficou encantado e engatou uma conversa. A moça era muito educada e amável. Dosava a seriedade com bom humor - e ele, já maluco, pensava em sexo. Ele queria saber o nome dela, onde trabalhava e o endereço. Ela só disse “nem longe, nem perto; aqui”.  Foi aí que desligou. Ele ficou com a voz e a indicação na mente por vários dias. Até que assumiu que também não estava nem longe, nem perto. E permaneceu na dele. 

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