quarta-feira, 23 de julho de 2014

Winchester 44

A Winchester 44 que deu o primeiro tiro no final do século XIX apareceu nas mãos dele porque tinha de aparecer nas mãos dele. Lembrou de Antonio das Mortes e engatilhou. Não havia balas. Ele não queria. Apenas para saber se a máquina estava funcionando. Quando apontou para o nada e olhou através da mira, foi que viu. Era a produção dela através dos tempos. Tiros em todos os cantos dos corpos, mas principalmente na cabeça, letais. Abaixou a arma. Não havia nem vivos nem mortos naquela paisagem do agreste nordestino. Um galo de campina voou, o xexéu de bananeira imitou o canto de outro pássaro, ele mirou de novo e mais e mais mortes desfilaram à sua frente. Foi aí que recebeu uma bala, uma única bala, de alguém que estava olhando a cena. Colocou, armou, apontou e atirou. Tudo voltou à paz. Ele então foi colocar o rifle para descansar numa parede da casa.

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